Dra Luciara Batista — Ginecologista e Obstetra

Influência do tabagismo na saúde da mulher

tabagismo_saude_mulher

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o tabagismo mata cerca de 7 milhões de pessoas por ano, entre fumantes e não-fumantes expostos à fumaça. E cerca de 20% dos fumantes no mundo são mulheres.

Estudos mostram que fatores como estresse, dupla jornada de trabalho, violência doméstica e até mesmo a baixa autoestima podem influenciar no consumo de cigarros pela população feminina.

Principais riscos do tabagismo para mulheres

O tabagismo é um fator de risco para aproximadamente 50 doenças, entre elas as que mais causam mortes entre mulheres (doenças cardiovasculares, câncer e doenças respiratórias). Entre os principais problemas de saúde em meio a população feminina que recebem influência do consumo de tabaco, podemos citar:

Acidente Vascular Cerebral: também conhecido como “derrame”, o AVC isquêmico ocorre quando há uma obstrução ou redução brusca do fluxo sanguíneo em uma artéria do cérebro.

Trombose: ocorre quando um coágulo sanguíneo se forma nas veias. Geralmente é precedido de problemas circulatórios e acomete principalmente as pernas.

Infarto: acontece quando um coágulo subitamente bloqueia o fluxo sanguíneo para o coração e em muitos casos leva ao óbito. Dor e sensação de “aperto” no peito são os sintomas mais comuns.

Câncer de colo do útero: o fumo na combustão do invólucro de papel possui milhares de componentes cancerígenos. Um dos mecanismos conhecidos na queda da imunidade refere-se à diminuição das células de Langerhans no colo uterino, causando um aumento do aparecimento de lesões precursoras para o  câncer de colo.

O hábito de fumar mais de 20 cigarros por dia aumenta em 5 vezes o risco de progressão das lesões para o câncer.

Infertilidade: a taxa de fertilidade em mulheres fumantes é cerca de 20% menor do que entre aquelas que não fumam. Isso ocorre devido à concentração de nicotina no fluído folicular ovariano.

A associação do tabagismo com toxicidade ovariana cria maior risco de menopausa precoce e define claramente o papel danoso do uso de fumo em mulheres.

Nas tubas uterinas ocorre diminuição da motilidade ciliar e risco maior para gestações ectópicas (fora do útero) e alterações do muco cervical, tanto em viscosidade quanto no aumento da toxicidade local, diminuído a probabilidade de gravidez.

Além disso, pode causar impotência masculina, aumentando as chances dos casais serem inférteis.

Consumo de tabaco durante a gravidez

Mesmo antes de engravidar as mulheres fumantes que desejam ter filhos já são prejudicadas pelo consumo de tabaco. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), quem fuma antes da gravidez possui duas vezes mais chances de ter dificuldades na concepção.

Durante a gestação, além dos prejuízos para a própria saúde, a mulher também coloca em risco o bebê. O tabagismo prejudica a oxigenação fetal e aumenta a probabilidade de intercorrências como placenta prévia, ruptura prematura das membranas, descolamento prematuro da placenta, hemorragia no pré-parto, parto prematuro, aborto espontâneo, crescimento intrauterino restrito e baixo peso ao nascer. 

Tanto durante a gravidez quanto após o nascimento, a exposição ao cigarro é nociva ao bebê, podendo causar mortalidade perinatal (período entre o final da gravidez e primeiros dias após o parto) e comprometimento do desenvolvimento físico da criança.