Dra Luciara Batista — Ginecologista e Obstetra

ISTs – Infecções Sexualmente Transmissíveis: principais tipos, sintomas e tratamentos

ists

As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) são originárias de bactérias, vírus e outros microorganismos que podem ser contraídos em relações sexuais com parceiros infectados sem o uso de preservativos; através da transmissão vertical, ou seja, passar de mãe para filho, durante a gestação, parto ou amamentação; transfusão de sangue e compartilhamento de seringas, agulhas ou outros objetos cortantes que devem ser de uso individual, como alicates de cutículas. 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os índices destas infecções têm crescido consideravelmente, principalmente entre jovens. Isso ocorre por eles serem mais descuidados quanto à prevenção e o sexo seguro, tornado-os mais propensos ao contágio.

Quando não diagnosticadas e tratadas adequadamente, essas doenças podem ocasionar problemas graves e até levar à morte.

Antigamente o termo utilizado era Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), mas a nomenclatura ISTs foi adotada com o objetivo de chamar atenção e conscientizar a população sobre a possibilidade de transmitir a infecção mesmo que o indivíduo não apresente nenhum de sintoma. 

Principais ISTs e seus sintomas

Há diferentes tipos de infecções sexualmente transmissíveis. Algumas podem ser observadas pelo surgimento de lesões ou outras alterações na região genital, mas há as que só são detectadas através de exame de sangue. As mais comuns são:

Herpes genital:  causada pelo vírus do herpes simples (HSV), esta infecção provoca lesões nos órgãos genitais masculinos e femininos e no seu entorno.  Quando adquirido, o vírus permanece para sempre no organismo da pessoa, devido o seu poder de multiplicação, e pode se manifestar em diversos momentos, ou permanecer inativo. 

Costuma causar coceiras, formigamentos, ardor, bolhas e pequenas feridas. Existe tratamento para controlar a doença, mas não há cura.

HPV (Papilomavírus Humano): esta doença é caracterizada por um vírus que infecta a pele ou mucosas tanto de homens quanto de mulheres. A transmissão ocorre por contato direto com a pele ou mucosa infectada, não necessariamente apenas por relações sexuais. Também pode ser transmitido  de mãe para filho no momento do parto (transmissão vertical). Considerada a IST mais comum, a infecção pode provocar verrugas nos órgãos genitais, ânus ou na pele envolta e, dependendo do vírus, pode causar câncer no colo uterino, vulva, vagina e pênis.

Tipos de HPV que apresentam risco de desenvolver o câncer – Existe HPV de baixo e alto risco de desenvolver câncer. Existem 12 tipos que são de alto risco (HPVs tipos 16,18,31,33,35,39,45,51, 52, 56, 58, e 59), que têm probabilidades maiores de persistirem e estarem associados a lesões pré-cancerígenas.

Os HPVs de tipo 16 e 18 são os que causam a maioria dos casos de câncer de colo do útero e ânus, causam também câncer de vulva e vagina. Os HPVs de tipo 6 e 11, encontrados na maioria das verrugas genitais, parecem não oferecer nenhum risco de progressão para malignidade.

Sinais e sintomas – A infecção por HPV não apresenta sintomas na maioria das pessoas. Em alguns casos, o HPV pode ficar latente de meses a anos, e se manifestar quando o indivíduo estiver com baixa imunidade, desencadeando a multiplicação do HPV é o aparecimento de lesões, como verrugas que podem ser únicas ou múltiplas. Em mulheres, principalmente nas adolescentes, tem resolução espontânea, em um período de até 24 meses.

Diagnóstico – Pode ser:

  • Clínico: exame ginecológico e urológico
  • Laboratorial:citopatológico do colo do útero (papanicolau), colposcopia, vulvoscopia., anuscopia, biópsias.

O tratamento deve ser individualizado. Pode ser químico, cirúrgico, estimuladores da imunidade, crioterapia e laser.

Prevenção – A vacina contra o HPV é a medida mais eficaz. É distribuída gratuitamente pelo SUS e é indicada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos; pessoas com HIV; pessoas transplantadas de 9 a 26 anos. O uso de preservativo (camisinha) masculino ou feminino nas relações sexuais é outra forma de prevenção do HPV.

Gonorréia: proveniente da bactéria Neisseria Gonorrhoeae, a gonorréia afeta também ambos os sexos, podendo apresentar sintomas 24h ou cinco dias após a relação sexual desprotegida. 

Na maioria dos casos, ela é assintomática, mas quando aparece costuma dar coceira, secreção, inchaço, corrimento, incômodos e ardor ao urinar. Dores ou sangramentos durante a relação sexual também podem ocorrer nas mulheres.

Geralmente pessoas com esse tipo de infecção testam positivo para outros tipos de ISTs como clamídia. O tratamento é com antibióticos. 

Clamídia: na maioria dos casos, a clamídia afeta pessoas de faixa etária entre 15 e 24 anos e não apresenta sintomas. Entretanto, o contágio pode ocorrer, mesmo assim, através do contato sexual. O tratamento envolve uso de antibióticos e os sintomas incluem corrimento amarelado, dores ao urinar e durante a relação sexual, bem como sangramento espontâneo. Já nos homens os sinais mais comuns são ardência ao urinar, dor nos testículos e corrimento com a presença de secreção na uretra.

A clamídia, se não tratada de maneira adequada, pode provocar infertilidade, dores crônicas na região pélvica, gravidez nas trompas, complicações na gestação e aumentar os riscos de contaminação e transmissão do HIV. O tratamento é com antibióticos, Doxaciclina ou Azitromicina.

Sífilis: é uma infecção curável e pode se manifestar em três diferentes estágios. Na fase primária, ínguas na região da virilha podem aparecer, bem como feridas nos órgãos genitais (pênis, vulva, vagina e ânus), que surgem e desaparecem espontaneamente. 

Já a secundária, a pessoa sente mal-estar, febre, dores de cabeça, manchas e ínguas em variadas partes do corpo. Diferente da terciária, que além de apresentar lesões na pele, compromete também o sistema nervoso central e cardiovascular, inflamando a aorta e, se não tratada corretamente, é capaz de levar o paciente à morte. 

O risco de transmissão é maior quando se está nas duas primeiras etapas da doença e o tratamento é feito com antibióticos.

Hepatite B: esta infecção precisa de atenção, por ser uma doença silenciosa que geralmente só é descoberta quando está muito evoluída. Dificilmente apresenta sintomas, mas os mais frequentes são cansaço, tontura, náuseas, vômitos, febre, dores abdominais e musculares,  alteração no apetite, urina escura, fezes claras e amarelamento da pele e olhos. Geralmente, esses sinais aparecem seis meses após a infecção.

Além de medicamentos para tratar a doença, existem vacinas para preveni-la.

AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida): é causada pelo vírus HIV, que ataca o sistema imunológico, deixando o paciente mais propício a contrair outras doenças, e não tem cura. Na maioria das vezes, os primeiros sintomas passam despercebidos por serem parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. 

Em casos mais graves, com as células de defesa já enfraquecidas, o organismo passa a ficar mais vulnerável a infecções. Os sinais são manifestados através de febre, diarreia, emagrecimento do indivíduo e suores noturnos. Com a imunidade cada vez menor, o estágio mais grave desta infecção é atingida devido a outras doenças se aproveitarem da fraqueza do organismo. 

Neste caso, a Profilaxia de Pré-Exposição ao HIV (PrEP – sigla em inglês Pre-Exposure Prophylaxis), com o uso de antirretrovirais (ARV), disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é um excelente estratégia para impedir a multiplicação desta enfermidade no organismo. Saiba mais sobre este assunto no artigo Como prevenir IST. O que é PrEP?

De maneira geral, o método mais eficaz para prevenir estas infecções é usar preservativos (masculinos ou femininos) em todas as relações sexuais.
Como cada IST tem a sua particularidade, só o profissional saberá diagnosticar e realizar o tratamento mais adequado. Portanto, se identificar algum sinal ou sentir qualquer desconforto, procure imediatamente seu médico.